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Domingo, 06 de Outubro de 2024

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Papo de Bateria - Análise dos Ensaios dos dias 02/04 e 03/04

Análise dos Ensaios de 02 e 03 de abril

Papo de Bateria - Análise dos Ensaios dos dias 02/04 e 03/04
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Papo de Bateria

Análises dos Ensaios Técnicos dos dias 02/04 e 03/04

Dia 2 de Abril - Série Ouro

Acadêmicos de Vigário Geral

A Bateria Swing Puro de Mestre Luygui fez um ensaio satisfatório, com o menor contingente de batuqueiros da noite. Foi possível perceber viradas em alguns momentos do samba, se fazendo valer da variação melódica da obra, na tentativa de impulsioná-la. Vale ressaltar também as duas rufadas sincopadas das caixas de guerra no início da segunda do samba que proporcionaram boa sonoridade. A condução das marcações foi bem próxima de correta. O ponto alto do batuque da galera da cozinha vai para os surdos de terceiras desenhados, além da utilização de duas macetas buscando dar mais balanço as bossas. Entre as peças leves, a ala de agogôs que merece menção positiva. Além de apresentar qualidade sonora nos desenhos melódicos, parte do naipe se locomoveu até o corredor da bateria na hora da paradinha de maior destaque, no refrão principal. A bossa em questão começa com um solo envolvente entre atabaques e agogôs. E envolve grau de complexidade elevado até parte da primeira do samba. No geral as paradinhas foram executadas a contento, com alguns detalhes sonoros a serem aprimorados, principalmente nos "ataques" em determinadas retomadas. A outra bossa do refrão do meio carece de uma precisão maior, sendo plenamente possível alcançar uma execução mais equilibrada até o Carnaval. O ensaio da bateria da Acadêmicos de Vigário Geral de Mestre Luygui serviu como um treino próspero para o ajuste fino e alinhamento final antes do desfile oficial.

União da Ilha do Governador

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A Baterilha de Mestre Keko e Marcelo fez uma ótima apresentação. Uma afinação de surdos executada com cuidado, que resultou em plataformas graves sólidas para que as caixas de guerras e surdos de terceira pudessem apresentar um trabalho rítmico refinado e muito bem conduzido. As caixas insulanas brilharam com seu rufar característico, tocando tradicionalmente embaixo e de modo uníssono. As terceiras pareciam "flutuar" pela pista com um desenho melódico caprichado, executado com extrema precisão e leveza. O balanço único serviu de base para um acompanhamento também acima da média das peças leves. A ala de tamborins firme, coesa e chapada casou de forma magistral com o naipe de chocalhos com excelente sonoridade e consistência. A única fila de agogôs pontuou de modo funcional o samba da União da Ilha do Governador, assim como as cuícas também executaram um ótimo trabalho. As paradinhas possuem elevadíssimo grau de dificuldade, aliado a uma desenvoltura ímpar e um elemento audiovisual que promete surpreender a Avenida. Além da musicalidade obtida pelas bossas e arranjos, a utilização de um sino conduzido por Mestre Keko com segurança musical em dois trechos de paradinhas tem potencial para proporcionar momentos de emoção. Num deles os ritmistas seguem a risca o samba da escola se ajoelhando com uma perna durante a parada no trecho "dobro o joelho aos seus pés" e subindo batucando após a badalada do sino. Requer atenção total na execução, mas foi realizada de forma consistente pela pista. O conceito rítmico que atrela culturalmente o samba enredo com refrão sobre Nossa Senhora Aparecida merece exaltação. A apresentação da Bateria da Ilha de Mestre Keko e Marcelo mostra um trabalho pronto e com musicalidade acima da média.

Estácio de Sá

A Bateria Medalha de Ouro de Mestre Chuvisco fechou a noite de ensaios com uma apresentação muito boa. A batida de caixas de guerras firme, coesa e tocada carregando o instrumento no braço como identidade foi a espinha dorsal de uma bateria que aliou boa sonoridade a ousadia. As adesões espontâneas dos ritmistas, seja pela emoção de estar na Bateria da Estácio ou pelo samba enredo reeditado em homenagem ao Flamengo do Carnaval de 95, foi a fagulha que impulsionou uma passagem alegre e arrojada. A boa afinação dos surdos foi notada, assim como o balanço envolvente dos centradores. As peças leves tinham um entrosamento notável entre uma ala de chocalho extremamente eficaz e com toque firme e um naipe de tamborins com toque vibrante e fazendo a convenção simples de forma segura, bem como no auxílio preciso para as paradinhas. As bossas misturaram a complexidade elevada a uma desenvoltura impecável. Foi um verdadeiro show de andar pra cá, dançar de forma ritmada pra lá, virar para apresentar a retomada de frente para os jurados. Todas com musicalidade que envolveram elaboração caprichada na construção, mas sem deixar de lado a simplicidade. O conceito criativo da paradinha que emenda um refrão do meio com samba "no sapatinho" a uma segunda em que a batida das caixas remete a Charanga Rubro-Negra é um fator musical de extremo acerto e bom gosto, além de uma homenagem tão simbólica aos históricos batuqueiros do estádio do Maracanã. A bateria da Estácio de Sá de Mestre Chuvisco está preparada para fazer um desfile com potencial para buscar notas máximas e cativar o público.

Dia 03 de Abril - Grupo Especial 

Mocidade Independente de Padre Miguel

Uma passagem excelente da Bateria Não Existe Mais Quente (NEMQ) de Mestre Dudu, filho de Mestre Coé. Um ritmo que provou sua verdade mostrando sua identidade musical. A bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel adotou um andamento cadenciado, que auxiliou na audição de cada naipe. O bom balanço rítmico dos repiques foram notados, assim como a exímia atuação dos repiques solistas nas bossas. A afinação invertida das marcações, com o surdo de segunda ecoando como uma resposta sonora grave, pavimentou a base rítmica para que o brilho das caixas de guerra tocadas embaixo, junto ao balanço irrepreensível dos surdos de terceira se sobressaíssem. A batida de caixas criada com toque em cima do agueré de Oxóssi, para honrar o Orixá padroeiro da escola e bateria, teve sonoridade ímpar. O pedido pessoal de criação desse batuque foi feito por Tia Chica para Mestre André, como enfatiza o samba e o enredo, além de fazer parte do DNA sonoro da bateria NEMQ. Já seus surdos de terceira, invenção rítmica de Tião Miquimba e Mestre André, revolucionou os padrões das baterias da época, que passaram a adotar em massa modificando o som de todas as batucadas eternamente. O legado de sonoridade envolvente do casamento genuíno entre as caixas com acentuação rítmica com característica única e a musicalidade das terceiras que embalou a bateria da Mocidade foi o ponto alto de uma cozinha segura. O acompanhamento das peças leves se mostrou a altura do belo trabalho da parte de trás do ritmo. As cuícas orgulharam outro batuqueiro independente merecidamente homenageado no samba, o cuiqueiro lendário que levou o instrumento a outro nível, Quirino. Os tamborins produziram boa sonoridade com seus dois desenhos melódicos, além de demonstrarem coesão e firmeza, sejam em convenções ou nas elaboradas paradinhas. Os chocalhos fizeram seu tradicional "cascavel" nas retomadas das bossas, sendo seguros, firmes e vibrantes. Movimentos dançantes ritmados da primeira fila deram leveza a cabeça da bateria, bem como a utilização de toda ala para formar um arco e flecha no momento da paradinha de maior impacto visual. Essa bossa promete momentos de potencial vibração popular, com ritmistas em sincronia passando todo seu Axé para público e julgadores, com direito a um solo de atabaques e seus tradicionais agogôs de duas campanas (bocas). As paradinhas foram executadas com segurança e eficácia, além de possuírem um grau de dificuldade elevado, mas extremamente bem alinhado conceitualmente com a melodia do samba da escola. Ao longo das bossas é possível perceber vários "tapas" cheios, em movimentos chapados de vários naipes juntos, que dão ênfase sonora à execução, além de ampliar o nível de detalhe relativo à elaboração. O "Batuque do Caçador" da bateria da Mocidade Independente de Mestre Dudu se deu de forma sólida e equilibrada. Num trabalho que cada vez mais se mostra maduro e repleto de consistência musical.

Acadêmicos do Grande Rio

Uma apresentação exemplar da bateria da Acadêmicos do Grande Rio, sob a regência de Mestre Fafá. O ponto alto de toda a bateria foi o perfeito equilíbrio entre os naipes, aliado a audição plena de todos os instrumentos. Isso foi possível graças ao andamento cadenciado escolhido, boas afinações e a segurança dos batuqueiros. As marcações efetuaram o seu trabalho de forma correta e o surdo de terceira desenhado evidenciou uma educação musical acima da média, por parte dos ritmistas da escola de Caxias. As caixas tocadas em cima possuem uma sonoridade consistente, que além de amparar os demais naipes, contribuiu com "ataques" extremamente seguros e eficazes nas retomadas das paradinhas. Tudo isso entrelaçado com um bom trabalho dos repiques, que graças à plenitude proporcionada pelo equilíbrio e andamento, também puderam sobressair. O trabalho das peças leves esteve à altura da qualidade apresentada pela parte de trás da batucada da Grande Rio. Uma ala de tamborins que tocou de forma chapada, limpa e coesa. O desenho rítmico dos tamborins pontuou a melodia da obra de modo irretocável, sem contar a exatidão na execução de uma paradinha na cabeça do samba em que faz um solo de subida curta virado para a cozinha com eficácia. As alas de cuícas e agogôs acompanharam a bateria corretamente, com os agogôs fazendo uma convenção que destacou as nuances melódicas do samba enredo da Grande Rio. O naipe de chocalhos agregou aos complementos dando sonoridade com firmeza e um toque notável. As paradinhas se aproveitaram das variações musicais na elaboração de sua construção. Todas com coerência rítmica e executadas de forma precisa. A bossa do refrão do meio uniu bom ritmo, coesão sonora na execução, solo dos atabaques e ritmistas com peças levantadas antes da bateria subir novamente. Mestre Fafá mostrou um ritmo pronto para brigar por notas máximas pela bateria da Grande Rio. É possível dizer, inclusive, que sua metodologia de trabalho de privilegiar a audição de todos os naipes com o andamento mais cadenciado consolida o seu intuito de resgatar uma batucada que remeta a inestimável orquestra de Mestre Odilon, onde seu pai Du Gás era diretor de confiança e braço direito. Uma passagem pela Avenida para os ritmistas de Caxias voltarem para casa felizes e esperançosos com a chegada do Carnaval.

 

 

FONTE/CRÉDITOS: Freddy Ferreira
Comentários:
Freddy Ferreira

Publicado por:

Freddy Ferreira

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