Desfiles do dia 22/04
Imperatriz
A bateria Swing da Leopoldina de Mestre Lolo fez uma grande apresentação. Uma exemplar afinação de surdos foi notada, amparando o ritmo da bateria da Imperatriz Leopoldinense de forma eficaz. O balanço dos surdos de terceira preencheram a sonoridade junto a um toque de caixas uniforme e ressonante, além de repiques complementando o molho da cozinha da bateria. Peças leves acompanharam e contribuíram com qualidade inegável. Uma ala de tamborins com ótimo volume, coesão rítmica, que tocou chapado a convenção que explorou a melodia do samba com um desenho baseado em simplicidade. Um naipe de chocalhos exímio, assim como cuícas corretas também foram percebidas. O leque de paradinhas esbanjou concepção musical refinada. A bossa do refrão do meio inseriu um arranjo musical com retomada que remetia à bateria da Mocidade Independente. Os chocalhos fizeram subida “cascavel”, com marcadores tocando o surdo de maneira invertida, além das caixas fazendo a batida da bateria da Mocidade. A paradinha da segunda unia bom gosto musical e uma sonoridade de notório destaque. Uma abertura de início dos trabalhos muito boa do ritmo da escola de Ramos. A única ressalva negativa fica por conta do chapéu da bateria. De altura elevada, prejudicou as sinalizações das paradinhas por parte dos diretores, que foram bravos e garantiram com muito sacrifício que nenhum problema ocorresse.
Mangueira
A bateria da Mangueira de Mestre Wesley fez uma boa apresentação. O surdo mor auxiliou no preenchimento da sonoridade, dando bom balanço ao ritmo mangueirense. Os marcadores do tradicional surdo de primeira foram precisos. O bom trabalho dos surdos proporcionou uma base grave sólida para que as caixas de guerra da Mangueira com sua rufada peculiar brilhassem. O acompanhamento das peças leves contou com um tamborim com bom volume, executando um desenho rítmico atrelado a cultura musical da Mangueira de maneira firme. O naipe de chocalhos da Mangueira deu uma musicalidade ímpar a cabeça da bateria. Os ganzás mangueirenses, como culturalmente são conhecidos dentro da escola foram exímios, agregando à musicalidade. Foi possível notar uma fileira de pratos, que também auxiliou na produção sonora, bem como a boa ala de cuícas. A paradinha da bateria da Mangueira é dividida em breques, mostrando bom dinamismo sonoro. Uma boa atuação da bateria da Mangueira, aliando um trabalho rítmico seguro e altamente identitário, baseado na potencialização das virtudes do genuíno ritmo mangueirense.
Salgueiro
A bateria Furiosa dos Mestres Guilherme e Gustavo fez uma apresentação muito boa. Uma bateria do Acadêmicos do Salgueiro pesada, com a afinação grave característica, plenamente inserida nas tradições salgueirenses. O balanço envolvente dos surdos de terceira proporcionou um balanço que adicionou molho ao ritmo produzido por repiques, caixas e taróis. O complemento das peças leves se deu de modo eficaz, contribuindo com a musicalidade da bateria do Salgueiro. A ala de tamborins executou o desenho rítmico com precisão, firmeza e qualidade sonora. O naipe de chocalhos com toque coeso e uníssono auxiliou no preenchimento da musicalidade, bem como a boa ala de cuícas. As paradinhas do Salgueiro, com boa concepção musical e grau de dificuldade de execução elevado, fluíram de forma correta e segura durante o desfile. A bossa em que os ritmistas se ajoelham e erguem os braços em ato de “Resistência” provocou boa interação popular, sem contar a representação racial e cultural envolvida, sendo um acerto musical de muito bom gosto. Já a bossa da primeira do samba, de musicalidade ímpar, garantiu uma sonoridade acima da média. A única ressalva negativa a ser sinalizada é mais uma vez para um chapéu que prejudicou a visualização de diretores e da bateria. O chapéu tinha penas alongadas tanto para cima, quanto para o lado, dificultando a visão periférica dos ritmistas.
São Clemente
A apresentação da Fiel Bateria de mestre Caliquinho foi próxima de correta. A tradicional subida de quatro dos surdos ecoou na bateria da São Clemente, possibilitando bom balanço na primeira do samba, junto com o arranjo musical que engloba uma espécie de virada no trecho “Pra platéia vibrar, gargalhar, delirar”. O balanço das terceiras preencheu a musicalidade, propiciando um molho envolvente e amparando musicalmente repiques e caixas. O acompanhamento das peças leves teve uma ala de tamborins com bom volume sincronizada com um naipe de chocalhos que tocou com firmeza e coesão, além de uma ala de cuícas boa. As paradinhas possuem grau de dificuldade de execução acima da média. Infelizmente o chapéu da bateria da São Clemente, que veio vestida de Dona Hermínia, abafou a audição dos ritmistas, impedindo um retorno sonoro adequado para a execução precisa das bossas. Esse fato representa um profundo desrespeito com os ritmistas clementianos, que tanto ensaiaram para no momento do desfile oficial perderem a capacidade auditiva, influenciando inclusive na execução dos movimentos rítmicos.
Viradouro
A bateria Furacão Vermelho e Branco de Mestre Ciça fez um grande desfile. Uma boa afinação de surdos foi notada, amparando os demais instrumentos numa plataforma grave sólida. O balanço das terceiras se deu de forma irrepreensível. Um naipe de caixas de guerra com batida uniforme, limpa e acrescentando volume à cozinha da bateria da Viradouro. O acompanhamento das peças leves foi consistente. O naipe de tamborins tocou com solidez e firmeza, acrescentando valor sonoro, assim como a ala de chocalhos adicionou volume à cabeça da bateria. O trabalho da ala das cuícas também merece menção musical. As paradinhas da escola uniam ousadia rítmica e tentativa de interação popular quase constante. A concepção dos arranjos musicais foi voltada para o aspecto do espetáculo. A paradinha de maior destaque musical, garantindo ovação do público foi a que continha solo de caixas, repiques, com adição sonora de pratos para os momentos de pressão e explosão. Essa bossa ainda conteve um toque de caixas remetendo a marchinhas, numa alusão aos antigos carnavais, além da produção de um clima circense. Uma apresentação muito boa da bateria da Unidos do Viradouro de Mestre Ciça.
Beija Flor
A bateria Soberana dos Mestres Rodney e Plínio fez uma excelente apresentação. Com uma afinação de surdos simplesmente sublime, que amparou o bom trabalho envolvendo caixas e repiques, além do balanço irretocável dos surdos de terceira. Uma bateria da Beija Flor pautada pelo perfeito equilíbrio entre os naipes. O acompanhamento de peças leves foi a altura do belo trabalho da produção sonora da cozinha da bateria. A ala de tamborins executou o desenho rítmico de forma limpa, chapada e extremamente coesa. Tudo entrelaçado musicalmente com um naipe de chocalhos que tocou com firmeza, dando volume à parte da frente do ritmo. As tradicionais frigideiras nilopolitanas agregaram o tom metálico peculiar ao ritmo. As paradinhas da Beija Flor aliaram uma concepção musical acima da média e execuções privilegiadas. Da pista, em nenhum momento a execução das bossas oscilou, mantendo um padrão perfeito de apresentação. A paradinha de maior destaque musical foi a do refrão do meio, proporcionando um balanço ímpar para os desfilantes. Uma bateria da Beija Flor com trabalho pautado pela fluência musical, além da conversa rítmica entre os mais diversos naipes. Merece ressalva positiva a educação musical considerável dos ritmistas da Beija Flor de Nilópolis.
Desfiles do dia 23/04
Tuiuti
A estreia de mestre Marcão na bateria do Paraíso do Tuiuti foi excelente. Apresentação que fez jus ao apelido da bateria, exibindo um Super Som. Uma composição musical refinada proporcionando a plena audição de todos os naipes. Uma afinação de surdos impecável, o som ressonante do surdo de segunda preenchia musicalmente as demais peças da cozinha de forma notável. O balanço irrepreensível dos surdos de terceira foi notado. O trabalho rítmico das peças leves foi impecável. Uma sincronia com respeito ao solo de cada instrumento, incluindo chocalhos estupendos com sonoridade ímpar, tamborins eficazes com excepcional volume acrescentando molho à sonoridade e cuícas com desenho melódico encantador no refrão do meio. O desenho das cuícas, inclusive, fica ainda mais destacado na bossa da segunda passada do refrão do meio, complementando a musicalidade de forma espetacular. A ala de chocalhos dançantes casou bem com a personalidade pop do diretor do naipe, inserindo movimentos sincronizados, propiciando além de ritmo exemplar a cabeça da bateria, uma leveza inegável ao ritmo do Tuiuti. Um conjunto de bossas de grande profundidade musical, complexidade de execução e imenso valor sonoro. Um misto de competência, criatividade e concepção requintada. A paradinha da primeira é musicalmente profunda, bem como se apresentou de forma enxuta. Já a bossa do refrão principal uniu ritmo de imensa qualidade e uma subida explosiva, com pressão, mas com leveza de movimentos dos ritmistas nos momentos de retomada, configurando uma educação musical elevadíssima. Essa paradinha ainda apresentou interação de movimentação dos ritmistas, finalizando dançando para um lado e para o outro de modo ritmado. Uma grande estreia de Mestre Marcão na bateria do Tuiuti.
Portela
A bateria Tabajara do Samba de Mestre Nilo Sérgio fez uma boa apresentação. A boa afinação de surdos propiciou base grave sólida para que a terceira portelense brilhasse com seu toque envolvente. Além dos repiques e das primorosas caixas de guerra da bateria da Portela. Aquele molho peculiar e inconfundível das caixas da Portela foi notado. Peças leves preencheram com consistência a equalização do ritmo. Tamborins tocando firme e com bom volume sonoro, fazendo um toque notável de 1 x 1, dando uma sonoridade exemplar no trecho do refrão do meio. A batida 1 x 1 consiste no mesmo toque das frigideiras e foi repetido também em trechos da primeira e segunda do samba. Agogôs pontuaram melodicamente o samba com eficácia, além de uma ala de chocalhos com firmeza e coesão. A paradinha do refrão principal exibiu um arranjo musical soberbo, se destacando na narrativa musical apresentada pela bateria da Portela. Já a bossa do refrão do meio uniu musicalidade e movimentos dançantes para um lado e pro outro. A ressalva negativa fica para um chapéu de altura elevada, incomodando ritmistas e fazendo com que o trabalho de diretores fosse dobrado para sinalizarem as paradinhas de modo visível.
Mocidade
A bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel de Mestre Dudu fez um grande desfile. Num enredo extremamente atrelado à história da bateria Não Existe Mais Quente (NEMQ), um ritmo altamente identitário foi produzido. As afinações invertidas de surdos proporcionaram um balanço intercalado entre repiques, terceiras e o excepcional naipe de caixas de guerra da bateria da Mocidade. A batida tradicional, com acentuação rítmica característica e peculiar foi um dos diferenciais do belo trabalho da cozinha da bateria. Tudo isso proporcionado por um andamento mais cadenciado, permitindo a fluência rítmica com equilíbrio entre os naipes se destacando. O acompanhamento das peças leves esteve excepcional. Tamborins foram exímios, uníssonos, adicionando grande qualidade sonora numa execução limpa e coesa dos dois desenhos rítmicos, além da contribuição sempre precisa em bossas. A subida “cascavel” dos chocalhos da Mocidade deu aquele brilho particular às peças leves, além de apresentarem musicalidade notável ao longo de toda pista. As paradinhas com concepção musical soberba, valorizaram o ritmo com movimentos simples, dando ênfase a arranjos musicais envolvendo tapas cheios de diversos naipes, produzindo um volume de destaque aliado a pressão de batidas secas, mas firmes. Já a bossa iniciada na segunda do samba acrescentou uma sonoridade sublime, com direito a retomada da bateria da Mocidade nos tapas secos e chapados dos tamborins. A paradinha que evidenciou um solo de atabaques com agogôs de duas campanas (bocas) no refrão principal propiciou ovação popular quando os demais ritmistas passavam todo seu axé e depois formavam o arco e flecha vinculado à questão religiosa que fundamenta o tema da escola. Um acerto musical e cultural.
Tijuca
Uma grande apresentação da bateria Pura Cadência de Mestre Casagrande. Houve uma exemplar afinação de surdos, amparando musicalmente os demais instrumentos, onde se destacaram o swing envolvente dos surdos de terceira, além da fabulosa caixa de guerra tijucana. As caixas da bateria da Tijuca, com toque uniforme e uníssono, constituem uma base rítmica que preenchem por completo o trabalho acima da média da parte de trás da bateria da Unidos da Tijuca. O acompanhamento das peças leves se manteve sólido durante toda pista. Uma ala de chocalhos apresentando valor sonoro com toque preciso de volume elevado. A ala de tamborins tocou com firmeza, executando o desenho simples de forma coesa e obtendo um acrescento musical notável ao ritmo. O carreteiro dos tamborins da Tijuca engloba um toque identitário que mescla os movimentos de 2 x 1 e 3 x 1. Essa união ajuda no ressoar das caixas, sempre consistentes e com volume alto da bateria da Tijuca. A paradinha da cabeça do samba apresentou uma musicalidade fluída, com um belo arranjo musical. Foi possível notar os tamborins entrando no corredor da bateria, para auxiliar a retomada do ritmo em sua plena síncope na cozinha da bateria. Um grande desfile da Pura Cadência da Tijuca de mestre Casão.
Grande Rio
A bateria da Grande Rio de Mestre Fafá fez uma apresentação excelente. Um ritmo marcado pelo andamento cadenciado, que propiciou um pleno equilíbrio de naipes e timbres. É a única bateria do carnaval carioca com mapa de todos os ritmistas, o que ocasionou uma organização notável no ritmo, proporcionando uma musicalidade de equalização ímpar. Uma boa afinação de surdos foi notada. O balanço envolvente das terceiras preencheram o balanço da cozinha com consistência. A ala de caixas ressonante e com alto volume deu sustentação rítmica, agregando muito à sonoridade, junto com repiques. A ala de chocalhos tocou de maneira firme e coesa. Sincronizado com um naipe de tamborins de musicalidade exemplar, executando a convenção rítmica com precisão e principalmente coesão. Os agogôs pontuaram a melodia do samba e complementaram a bateria da Grande Rio, junto com uma boa ala de cuícas. Paradinhas com boa concepção musical, explorando movimentos rítmicos baseados em simplicidade, mas com extrema eficácia, além de uma construção sonora que deu valor a melodia do samba da escola. A bossa da cabeça do samba gerou fluidez na boa conversa rítmica, com direito ao tamborins virando de costas para efetuarem uma subida responsável por pautar a retomada do ritmo. Uma grande apresentação da bateria da Grande Rio de Mestre Fafá.
Vila Isabel
Na primeira vez pisando na Sapucaí sem Mestre Mug nesse plano para acompanhar, a bateria Swingueira de Noel de Mestre Macaco Branco fez uma ótima apresentação. O andamento cadenciado da bateria da Unidos de Vila Isabel permitiu uma fluência rítmica entre os diversos naipes, num ritmo pautado pelo equilíbrio musical. Uma boa afinação de surdos foi notada. O balanço dos surdos de terceira, com o papel de centrador propiciou uma conversa rítmica entre as peças da parte de trás do ritmo, dando base sonora para o desempenho de repiques, caixas tocando reto e a tradicional e inconfundível batida dos taróis da bateria da Vila. O acompanhamento das peças leves se deu de forma sólida e consistente. Uma ala de chocalhos firme e coesa tocou sincronizada a um naipe de tamborins preciso e uníssono, preenchendo a musicalidade da bateria, além de auxiliar na perfeita equalização. As paradinhas unem concepção criativa envolvendo bom gosto e complexidade no nível de execução. A bossa da cabeça do samba possui um arranjo musical refinado e bem produzido. A paradinha de maior destaque sonoro foi a da segunda do samba, possibilitando um molho diferenciado durante sua execução. A bateria da Vila de Mestre Macaco Branco fez um grande desfile.
Comentários: