O Samba-enredo da Mocidade Independente para o carnaval de 2024 se tornou viral e foi a música mais ouvida no Rio de
Janeiro.
A obra “Pede caju que dou… Pé de caju que dá”, assinada pelo ator e humorista Marcelo Adnet , dentre outros compositores, contraria a tendência de sambas mais densos que desembarcaram na Avenida, sobretudo, a partir de 2016.
Nas redes sociais, o samba já foi abraçado por artistas, como Jojo Todynho (que até aceitou convite para desfilar na função de musa), jornalistas e influenciadores.
Autor de livro sobre a história dos enredos do carnaval carioca - e atual enredista da Mocidade -, o jornalista Fábio Fabato diz que a tentativa de refletir contextos é uma das máximas das agremiações desde o primeiro concurso, ocorrido em 1932.
“Enredos são apostas em que buscamos produzir espelhos ou esponjas do que está na boca e no coração das pessoas. Como a escola desfilou bastante desanimada em 2023, nós quisemos dar uma guinada no astral dela própria e geral, a partir de uma desconfiança: ‘será que a Sapucaí está sentindo falta de mais leveza e fuzarca?’ Assim surgiu a nossa proposta”, lembra Fabato.
No próximo domingo (7), a partir das 20h, a verde-e-branco abrirá os ensaios técnicos oficiais da Liesa, ao lado da Unidos do Porto da Pedra.
Confira a letra:
Por outras praias a nobreza aprovou
Nas redondezas se espalhou, tão fácil, fácil!
E nesta terra onde tamanho é documento
Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio
Nessa batalha teve aperreio
Duas flechas e no meio uma tal cunhã poranga
Tarsila pinta a sanha modernista, tira a tradição da pista
Vai Debret! Chupa essa manga!
É tropicália, tropicana, cajuína
Pela intacta retina, a estrela no olhar
Carne macia com sabor independente
A batida mais quente, deixa o povo provar
Meu caju, meu cajueiro
Pede um cheiro que eu dou
O puro suco do fruto do meu amor
É sensual, esse delírio febril
A Mocidade é a cara do Brasil
Eu quero um lote
Saboroso e carnudo
Desses que tem conteúdo
O pecado é devorar
É que esse mote beira antropofagia
Desce a glote, poesia
Pede caju que dá
Delícia nativa
Onde eu possa pôr os dentes
Que não fique pra semente
Nem um tasco de mordida
E aí tupi no interior do cafundó
Um quiprocó virou guerra assumida
Provou porã, fruta do pé
Se lambuzou, Tamamdaré
O mel escorre, o olho claro se assanha
Se a polpa é desse jeito, imagine a castanha
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